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A mostrar mensagens de julho, 2010

Memória(s)

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Foi, penso eu, há 16 anos a primeira vez que vim a Lisboa. Foi numa visita da escola e estávamos, na altura, no 6º ano. As viagens de estudo eram um acontecimento memorável para mim. No mínimo duas semanas antes não dormia com a excitação de poder sair de casa e andar uns kms de autocarro. Lembro-me, até, quando na escola primária as idas a Santa Luzia em Viana do Castelo se revestiam do mesmo contentamento e êxtase de quem vai fazer uma viagem ao Egipto ou ao Brasil. Viana é ali ao lado mas eu imaginava que era uma cidade muito longe e a catedral do Eifell deveria fazer-me lembrar algum monumento longínquo que eu nunca tinha visto, nem tão pouco sonhado. Portanto, a vinda a Lisboa foi qualquer coisa de emocionante pois foi a primeira vez que viajei tão longe. Aparentemente tudo poderia correr bem com uma turma de anjinhos e crianças bem comportadas e a mão de ferro do padre Justino, professor de História e homem que viria a jurar não mais se enfiar num autocarro com um bando de canalh

Do rir...

"Se eu pudesse matava o bicho a rir". (António Feio) A morte quase sempre se engana.

Horas

"A vida não é triste. Tem horas tristes." (Rolland , Romain) Horas de desilusão, desalento, angústia, desespero... Isto a propósito de na 6ª feira passada, às primeiras horas da manhã, ter preocupado a minha mãe e a Marina, amiga do coração. É destas horas que me arrependo, que me desiludo comigo e isso desgasta-me... Horas em que soluçamos e esvaziamos a nossa vontade de fugir da realidade, do mundo e da vida... A minha mãe, em toda a sua vida, viu-me poucas vezes chorar. Muito poucas para aquelas que, às vezes na surdina do quarto, foram acontecendo até que saí de casa. Os meus amigos conhecem-me pela gargalhada fácil e pelas brincadeiras tontas. E é assim que deve ser. As pessoas que nos rodeiam e que nos querem bem devem partilhar do nosso sorriso e das nossas alegrias e tudo o mais não deve sair á rua. Deve ser gerido por nós. Sempre foi assim e deverá continuar assim. Deve haver sempre uma máscara de felicidade para essas pessoas, mesmo que por dentro não seja essa a ve

Para sempre

No passado escrevi poucas vezes apenas para ti. Ultimamente tinha-o feito mais vezes. Hoje não sei porque o faço aqui ou noutro lugar qualquer quando já percebi que ficou tudo reduzido a nada, que queres paz, seguir em frente sozinho e nada mais que te prenda a algo que já há muito te fazia sentir mal. Gostava de ter serenidade e força suficientes para proseguir dessa forma desprendida mas não sei e não sou capaz. Talvez tenha vivido muito pouco. E talvez não saiba viver na dúvida, na incerteza, no hoje sim amanha não, no talvez... Ontem procurei ir-me embora, mesmo sabendo que não estarei bem em lado nenhum, mesmo sabendo que tudo isto que vivemos (o bom e o mau) faz parte de nós. E de nada servem as lágrimas,os pensamentos negros e tudo o mais que me come o corpo e a alma neste momento. Para sempre fica o que sinto, sem dúvidas e hesitações, sem "ses" ou probabilidades e brechas de tempo, sem hipóteses de erros, parêntisis ou o que seja.. Para sempre fica um sonho, um amor

Há 39 anos

Procuro uma receita de tarte vegetariana. Se eu fosse uma Nigella não havia problemas destes. E ainda assim também não vai haver. Dizes-me há momentos que faz hoje 39 anos e estavas num 17 de Julho muito chuvoso, vestida de noiva, a subir a imensa escadaria do Sameiro. Falas num tom de mágoa. Não te condeno. E ris do local da boda, em Barcelos e da salada russa que serviram. E da ida de taxi e dos poucos convidados que couberam em dois carros. E da opção de casares fora porque estavas de luto pelo teu pai. Perguntas-me se alguma vez vi as fotos e digo que sim. Não porque alguma vez as tenhas mostrado mas porque os meus dotes de abelhuda, em miúda, levavam-me a procurar tudo e a encontrar outro tanto.

Na noite...

Chego. Depois de 5h30 num comboio pondero sinceramente em fazer um inter rail sénior ou propor à CP uns bancos novos... Hoje houve tempo até para pensar se haverá alguma doença transmitida por aquelas películas que estão coladas nos bancos...ou é de mim ou acho que aquilo nunca foi mudado! Atrás de mim uma rapariga que falava seis línguas diferentes e o amigo dela que tinha um telefone que não se calava. Telefones.Quantos toques diferentes existem e se vão fazendo ouvir. As pessoas falam. As primeiras palavras são todas iguais: descarrilamento, atraso, estou a caminho. Alguns dos toques são conhecidos. De repente a memória. Os meus pés estavam frios e ainda estão. O meu estômago está a queixar-se...devo ter tirado cinco porcarias diferentes da máquina do metro. Hoje estavam menos dread´s no metro. Ainda assim a miudagem continua a sair à noite e a andar por lugares que "no meu tempo" eram impensáveis e inacessíveis. Ainda bem! Contei as paragens até chegar! E escrevi para ser

Eu gostava...

Estava a resistir procurar a programação do CoolJazzfest porque já sabia que ia ficar a olhar para o preço dos bilhetes... Mas estes senhores são mesmo muito bons...

É Mágico

A rádio distrai-me... Assim como a vuvuzela que um miúdo aqui do bairro insiste em tocar... Não quero ver lá fora, fico apenas imersa nos meus pensamentos e a convencer-me em muitas explicações... Perdida nas desconexões teóricas, naquilo que vejo, leio, penso e imagino... Nos sentimentos mudos e no trabalho...

Viagens #3

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O dia misturou-se com a noite. A minha sina é imprimir mapas e sair de casa sem eles, mas no fim de contas todos os caminhos chegam a algum lugar. Campolide não é difícil de encontrar e o restaurante trouxe-me à memória os velhos tascos de grelhados de Coimbra, onde os copos são baços, os garfos têm brindes e não há ASAE que ponha fim a tudo isto. Arroz de feijão com o calor que estava foi escolha gourmet. A minha mãe diz que vivemos no sossego e que Lisboa é confusão. E ela não viu as ruas sujas, o lixo pelo chão, os grafits, a solidão nos olhos dos idosos que se perdem nos bancos dos jardins, os pombos nas praças, as gentes nas ruas, as múltiplas raças, os mendigos pelo chão, as buzinas do trânsito, os prédios altos, os bairros escuros...viu apenas uma parte. Diz-me que o Tejo é muito grande e que o Oceanário é escuro e, aparentemente, uma mina de dinheiro a avaliar pelo preço dos bilhetes. Gostou do centro de Lisboa, por onde só fomos de passagem. Aprendi que nunca devo seguir autoc

Do verbo amanhar...

Recebi mais um email do meu suposto orientador daquilo que era suposto ser um projecto de final de mestrado e, basicamente, tudo esprimidinho entendi o seguinte: "amanhe-se"! Gostei! Tem conteúdo e não é uma mensagem desprovida de ânimo. É encorajadora! E tem retoques de sensibilidade extrema para o assunto, principalmente quando me diz que já não se recorda muito bem da minha proposta de projecto. Depreendo, portanto, que estive, estou e estarei inteiramente por minha conta.

Não sei mais...

Não sei mais o que pensar... Acho que sou eu mesmo, o problema está em mim... É impossivel não me revoltar... Porque é que não posso ter perto quem eu amo? Porquê este afastamento? O que fiz eu? Eu fico aqui no silêncio sem puder dizer que te amo cada vez mais, sem puder falar em projectos e sonhos porque parece que cai tudo fora do tom... O que posso fazer? Nada...Sei que absolutamente nada! E porém vivo cada dia à espera que tudo mude, que o dia em que tanto falámos vezes sem conta chegue... E se não chegar? Não sei mais...

Tudo o que eu te dou

Corria o ano de 1994 e, se não me engano, andaria no 6ºano do ciclo, com 12 anos e lembro-me de ter ficado com lágrima no canto do olho quando ouvi cantar esta canção no "Chuva de estrelas" da escola por alguém que acabaria por ganhar o concurso tão perfeita foi a imitação. E eu nem sabia quem era esse tal de Pedro Abrunhosa, só saberia mais tarde e conheceria mais músicas dele. "Lua"; "Eu não sei quem me perdeu"; "Deixas em mim tanto de ti"; "Pontes entre nós"...entre outras...