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A mostrar mensagens de junho, 2015

A bandeira das cores

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 Foto: uma rua em Poznan (Maio, 2015). Não sei se alguma vez escrevi sobre isso. Sobre a bandeira colorida que um dia trouxe de Itália. Mas, por estes dias, em que muitos colocaram as suas fotos no facebook com um filtro colorido, lembrei-me do dia em que cheguei ao aeroporto do Porto, ou de Lisboa, já não me recordo, com uma bandeira pelas costas. Sim, uma bandeira colorida e que hoje sei que representa o dito "orgulho gay". Quando cheguei à cidade de Padova, era Outubro de 2003 (penso eu), havia em todas as varandas uma bandeira colorida e em algumas a palavra "PACE". E nós, estudantes e amantes fervorosos de modas, decidimos que pelo dinheiro simbólico que a bandeira custava devíamos comprar uma e colocar nas velhas janelas da residência Fusinato. Para mim, se aquele movimento se destinava a favor da Paz, eu alinhava. E pouco ou nada sabia sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, de legislação e referendos sobre adopção entre p

#27/06/2015 Em Torun, em busca do macaco

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A viagem de comboio permite dormitar com solavancos, ler e ir vendo que a paisagem agora vestida de verde se deve também a longos campos de milho. As casas grandes com grandes jardins, típicas dos nossos emigrantes, não existem por estas paragens. Por aqui existem casas humildes mas imagino que dentro delas se travem muitos invernos e muito mais do que ter vinte divisões onde na maior parte delas nunca se entra. À chegada, uma estação em obras e do outro lado da estrada um hotel com aspeto californiano e uma longa mata, com alguma sinalização que me faz prever que por ali exista um camping. Depois de alguma excitação viro à esquerda e sigo por um passeio que me levará a uma ponte onde finalmente vejo sinalização que indica que estou no caminho certo. E vejo ali, logo à entrada, a concha do caminho de Santiago. E sorrio para comigo e recuo até 2012 quando meti a mochila às costas e fui seguindo setas até à Galiza. Sobre a ponte vejo agora um rio largo (Vistula) e a cidade ao

#20/06/2015

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Ela chegou com aquele sorriso largo. Talvez o calor do coração fosse o mesmo ou mais ainda do que aquele que estava sobre as nossas cabeças. O verde dos relvados à volta e eu ia controlando um misto de alegria, orgulho e admiração. Continuo a adorar casamentos! Mas este foi especial porque há histórias nas quais acreditamos mais do que em outras. E ali, vendo-a chegar de braço dado com o pai, vejo todas as minhas amigas, a minha irmã e todas as noivas que já fui sem o ser, na verdade. E viriam os brindes, a música, as histórias, os desejos, os votos redobrados. A vontade de fazer do presente o futuro e perpetuar aqueles sorrisos. Os deles e os nossos. E fazer com que a vida possa sempre proporcionar reencontros destes em que pessoas de partes tão diferentes se reunem para celebrar o Amor.

#18/06/2015 Em viagem

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Nos aeroportos a espera resume-se a imaginar as vidas por trás daqueles que lêem, teclam, organizam mil vezes as malas de mão e aguardam de olhar fixo no painel de partidas. Quem é esta gente? O que os espera a seguir é também uma viagem de metro? Estação de metro de Verdes, linha aeroporto-Póvoa de Varzim. É uma luz que até fere a vista e um calor a que já não estou habituada. Ao fundo vê-se o edifício torre da Maia e mesmo do outro lado da linha há campos de milho que brotam da terra seca, há um grande eucalipto e pequenos rebentos à volta. Apetece-me cruzar a linha e ir buscar umas folhas de eucalipto para misturar ali mesmo um cheiro que me faz lembrar inverno com aquele sufoco dos trinta graus. Lembro-me do meu avô cozer folhas de eucalipto para usar a água no alívio do reumático. Procuro a sombra antes que todos os chocolates trazidos para os miúdos derretam ali mesmo. E já no caminho confirmo que estas gentes continuam a ser felizes pela descoberta do kit de mãos livres pa

Depois de amanhã

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O meu pai era a única pessoa que me perguntava ou que afirmava quantos quilómetros fazia nas minhas viagens, fossem de avião ou quando, vezes sem conta, conduzi na A1 entre Norte e Sul. Acho que fiz mais estrada dessas vezes que a distância que agora me separa do poiso dos afectos. São mais de 2500kms e já depois de amanhã início o fim de semana mais esticado de sempre, com passagem por sete cidades distintas sem que esteja em nenhuma delas de modo relaxado. A verdade é só uma: desta vez vou por motivos felizes e entre um casamento e uma comunhão sinto-me a D.Dolores a marcar presença em festas. Com uma diferença: eu levo menos dinheiro na pochete e por isso retida no aeroporto não devo ficar.

#06/06/2015 Formigas

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Seis do seis. E penso em 2016. O que estarei a fazer? Esta mania de pensar no tempo, na vida, nas voltas da existência ou, da falta dela. Está calor, muito calor! Picam-me as calças nas pernas. Pela primeira vez sinto o bafo quente e vejo o calor ao fundo. Sim, naquele pequeno tremor desfocado que nunca sei descrever mas que me lembra asfalto a ferver. À minha volta todos querem o melhor lugar ao sol em todo o parque. Eu quero a sombra. Eu e as formigas que insistem em subir e descer do copo que poisei a meus pés. Desisto. Que mergulhem, tal como eu mergulho nos meus pensamentos, ora dispersos, ora destinados ao livro que leio.

#31/05/2015 Da preguiça

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Não escrevo vai para meses porque a desculpa do computador avariado é maior que a preguiça de pegar na caneta e no pequeno caderno. E assim passaram os dias sem registar a quietude que senti quando vi a lua da janela cá de casa ou o desassossego que sinto nos telefonemas do domingo à tarde, ou os pequenos prazeres que descubro quando saio e vagueio pelo cidade, ou quando me sento num parque e nas esplanadas enquanto leio, observo e imagino o que as pessoas estarão a dizer. E no entretanto desta preguiça descobri que não gosto mesmo de toranjas, apesar de lhes ter dado uma segunda oportunidade. Mas em compensação descobri um vegetal novo que deixa um travo adocicado à sopa e parece uma cenoura, mas de cor branca. Seguem os dias sem que chore em palavras a angústia que senti por não conseguir resolver os problemas do trabalho. O vazio constante por decisões que não sei tomar ou por consequências daquelas que tomei. E esta vontade de partir para outro lugar às vezes de tão grande que