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A mostrar mensagens de novembro, 2015

É aqui tão perto

Dia 13. Sexta-feira e eu contrariava o sono depois de uma semana mal dormida. Estava num comboio de Lisboa para Braga e a ler notícias vindas de Paris que voltavam com a pergunta "Porquê?". É Paris. Duas fronteiras acima de nós. É onde vivem amigos e família a quem imediatamente escrevi procurando saber se estavam bem. E estavam, felizmente. Mas nunca sabemos quando será um dos nossos, derrubando assim essa ténue sensação de gravidade distante que é tão falsa como a segurança que dizemos ter. E o mundo revolta-se, seguem-se manifestações de toda a índole e as redes sociais incendeiam com frases de que não temos humanidade. Pois não. Mas não seria necessário bombas, pessoas tombadas e sangue derramado para o perceber. Basta abrir uma qualquer caixa de comentários de uma notícia, de um tópico mais controverso ou de uma discussão global para ver tudo o que temos.  E às vezes (tantas) é aqui ainda mais perto!

O regresso #06/11/2015

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Quando se avizinha o dia de fechar uma etapa e começar outra e quando issa implica desligar-nos de pessoas, de lugares, de afectos, de costumes, começa aquela fase em que só queremos que tudo acabe rápido. Houve dias em que desejei ver-me no avião, outros em que desejei sentir aquele frio na rua eternamente, trazer as pessoas comigo ou parar o tempo nas últimas vezes que nos juntamos para rir, conversar com pratos e copos fartos. As despedidas custam mas não evitei uma lágrima, um riso trémulo, um sentimento de culpa por não ter trabalhado mais para um projecto que me diz tanto. Sei que com esta mudança abdico de muitas coisas mas tudo farei para conseguir outras que me preencham sem pensar que aquilo que deixei nunca mais voltarei a ter.

A tshirt

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Talvez em toda a minha vida apenas tenha conhecido uma pessoa que não quisesse ter "coisas" e as tinha, na verdade. Casa, carro e tudo o que pudesse ser mais material, roupas caras, hobbies caros. Tudo traduzido em objectos, pertences, bens, coisas. E mesmo quando possamos afirmar que somos desprendidos trabalhamos, muitas vezes, para ter. Ter coisas. Lembrei-me disto estes dias na tentativa de colocar um ano de vida em duas malas. Não é fácil mas é possível. E tendo em conta que o computador foi para o lixo porque renunciou à vida e à recuperação eu poderia sair daqui apenas com o bilhete na mão. Porque tudo o resto é tralha. Há, uma outra história engraçada. Como a tshirt de Marrocos. De longe, a peça de roupa mais viajada que tenho. E no momento que a colocava na mala pensei como é possível ainda ter este trapo, já com pequenos buraquinhos na malha. Mas está ali. Pronta para voltar e aguardar por mais um verão. Há poucos meses fomos jantar ao melhor restaurante marro